De migalhas a migas
“Esmigalhar” é um termo que eu aprecio.
Não é um termo particularmente bonito ou usual. Não é, de todo, um termo que eu inclua no meu dia-a-dia. Podemos até dar-lhe uma conotação negativa numa qualquer troca de galhardetes mas nem aí provocaria um grande impacto.
“Vou esmigalhar-te todo!”, ninguém diz isto. Se o disserem, bem… Pelo menos não digam “top”.
Já se eu disser “Vou desfazer-te todo!” já soa melhor; acho que até um simples “Vou reduzir-te a migalhas!” ficaria bem.
Lutas de egos deste género só as tenho contra o pão. Só contra ele é que faz sentido. No fim de contas estamos só a falar de migalhas…
O pão é um alimento base da gastronomia alentejana e aqui falo por experiência própria. O pão às refeições - mesmo todas - vem a acompanha-me desde cedo. Os meus pais, os meus tios e os meus avós, todos eles são frenéticos fãs de pão, excepto quando estão de dieta.
Açorda, ensopados, caldos, gaspachos ou migas. Tudo com pão e tudo devidamente saboroso.
Seja pão fresco, seja pão de ontem ou seja qual for o pão há sempre boas soluções para o pôr no prato.
Foi em memória às migas do meu tio Guilherme que decidi pegar num pão de centeio de ontem para fazer umas migas de bacalhau e espinafres.
Assim, piquei uns bons 4 dentes de alho e refoguei numa boa quantidade de azeite - atenção que vão precisar de bastante azeite para esta receita.
Entretanto, ensopei o pão em água quente e escorri, tirando todo o excesso de água.
Quando o alho estiver bem loiro, o pão segue para a frigideira e sejam generosos a fritar o pão. Quanto mais dourado - não queimado! - melhor!
Mexi o pão na frigideira e quando o vi suficientemente dourado, deitei o bacalhau desfiado, que precisa apenas de uns 5 minutos no lume alto da frigideira.
Por fim, já com o lume desligado, deitei os espinafres, mexi e deixei cozinhar no calor residual.
A cozinha alentejana é simples, cheia de sabor e história.
Há que aproveitar!
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